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Dicionário de nomes deverbais

Nomes Deverbais

Os nomes deverbais são aqui entendidos como aqueles que expressam de forma nominal e abstrata o sentido do verbo com o qual estão relacionados morfologicamente. Por exemplo, a palavra lavagem é a indicada sempre que se queira usar o verbo lavar em contexto nominal. Este dicionário apenas regista, portanto, os nomes deverbais que denotem um evento, e não todos os nomes que estão morfologicamente relacionados com um dado verbo.

Os nomes aqui contidos podem ser parafraseados por "ato de [verbo]", sendo normalmente essa a forma como são definidos nos dicionários impressos. Foram excluídos deste dicionário todos os nomes que, embora morfologicamente estejam relacionados com um verbo, não apresentam o significado referido.

Um verbo pode ter associados vários nomes deverbais: para o verbo lavar, além de lavagem, estão registados os nomes deverbais lava, lavamento, lavação, lavadura e lavadela. Noutros casos, mais raros, é o próprio nome deverbal que, devido a um processo de convergência, tem associado a si vários verbos, como acontece no caso de frito, nome deverbal de fritar e de frigir.

Nem todos os nomes deverbais se comportam exatamente da mesma forma. Muitos podem ser usados para indicar o resultado da consumação do verbo, o efeito (por ex. exame), mas nem todos o permitem (por ex. manejo). Outros são considerados adequados apenas para usos formais (por ex. secatura), ou coloquiais (por ex. raspança). Alguns são mais frequentes que outros (por ex. manuseamento é mais frequente do que manuseação). Outros ainda, como a generalidade dos formados em -dura e em -dela, geram nomes deverbais com um sentido modificado do evento que denotam, em geral praticado com menor intensidade (por ex. lavadela). Este dicionário não dá conta destas formas de variação, pelo que o fato de existirem seis nomes deverbais associados ao verbo lavar não significa que todos devam ser utilizados com a mesma frequência, da mesma forma e nos mesmos contextos.

Formação

Os nomes deverbais podem ser criados de diversas formas, como ilustrado na tabela abaixo. A maior parte deles é criada através dos sufixos -ção, -mento e -agem, ou por conversão (processo anteriormente nomeado por derivação regressiva). Podem também ser criados através de sufixos menos frequentes, como -dela e -dura, que geram muitas vezes nomes deverbais com uma interpretação específica, ou pela nominalização da forma feminina do particípio passado. De notar ainda que muitas raízes de origem latina estabelecem uma relação nome-verbo irregular.

FormaçãoExemplo
-ção mangar mangação
-mento pagar pagamento
-agem triar triagem
-dura parir paridura
-dela queimar queimadela
-ice chafurdar chafurdice
-ência abranger abrangência

particípio passado

boquear boqueada
conversão molhar molha
irregular eclodir eclosão

Quase todas as palavras com os sufixos -ção e -mento são nomes deverbais, com o significado de "ato de [verbo]". No entanto, os nomes deverbais constituem uma minoria das palavras formadas pelos demais processos: só cerca de 30% dos nomes formados por conversão (como fecho) são nomes deverbais; de entre as formas em -ncia, um sufixo que tipicamente gera de nomes de qualidade, são poucos os casos que funcionam como nome deverbal (por ex. falência). Existem ainda algumas exceções que não pertencem às classes listadas acima, mas que funcionam como nome deverbal, com choradeira.

 

Significado

Os nomes contidos neste dicionário podem ter significados para além do de deverbal. Por exemplo, adição pode significar "ato de adir", mas também "tipo de operação matemática" ou "compulsão".

A extensão semântica pode, em alguns casos, fazer com que uma palavra perca o seu sentido original de nome deverbal. A palavra antepara é morfologicamente uma derivação regressiva de anteparar, mas atualmente não pode ser usada para denotar "o ato de anteparar": antepara é "um tipo de tabique, um biombo, ou um forro". Para exprimir "o ato de anteparar" deve utilizar-se anteparo. Apaga denota um tipo de cabo e só etimologicamente é a forma deverbal de apagar. Do mesmo modo, apenas a forma feminina de apalha pode ser usada como nome deverbal: a masculina, apalho, denota um tipo de jogo de destreza. Este tipo de palavras não está presente no dicionário que aqui apresentamos, dado que este não é um dicionário etimológico ou morfológico. Todas as palavras registadas aqui são palavras que atualmente podem ser usadas com o sentido de "ato de [verbo]". Também não são registadas as palavras para as quais o verbo é derivado do nome - ancilosar significa "causar ancilose a", o que quer dizer que ancilose é de certa forma "o efeito de ancilosar".

Por vezes, principalmente com nomes deverbais irregulares, o verbo é muito menos comum do que o nome. Por exemplo, a palavra adjunção é o nome deverbal do verbo adjungir, muito menos frequente. Ainda assim, estes pares de nomes e verbos são registados neste dicionário sem qualquer ressalva.

Incompleto

A MorDebe contém mais de 13 mil verbos, mas apenas cerca de 42% deles têm um nome deverbal registado. Existem quatro razões principais para a não existência de um nome registado para um dado verbo. Quando o verbo é derivado do nome, nem sempre faz sentido o uso de um nome deverbal dele derivado: o verbo cedilhar significa "pôr uma cedilha numa letra" e pelo menos o efeito de cedilhar é simplesmente uma cedilha. O próprio significado de alguns verbos implica que só muito dificilmente possam ser utilizados num contexto nominal, como acontece com verter. Muitas vezes o verbo já é tão pouco frequente que a dicionarização da forma nominal não se justifica, como parece suceder com encorpamento. Por último, o nome deverbal não é dicionarizado por ser completamente previsível, ou por mero lapso do lexicógrafo.

No caso dos verbos sem nome deverbal correspondente, é muitas vezes possível criar uma forma correta através dos processos de formação mais frequentes e regulares. Por exemplo, o verbo assustar não tem um nome deverbal registado, mas é perfeitamente possível formar um: na Internet podem encontrar-se sete ocorrências de assustação, dez ocorrências de assustamento, e mesmo duas ocorrências de assustadura. A razão para formas como estas não serem incluídas neste dicionário não é a sua incorreção, mas antes o fato de não estarem registadas nas fontes que tomamos como referência.

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